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30
03
2022

Alimentação e Doença Renal Crónica. Qual a sua importância?

Na doença renal como em muitas outras patologias, as orientações alimentares devem ser individuais e personalizadas a cada pessoa, tendo em conta os seus gostos e preferências alimentares, o seu estádio da doença e evolução, o seu peso atual, as suas necessidades energéticas e nutricionais com base em análises clínicas, entre muitos outros parâmetros.

As pessoas não são todas iguais e nem todos os pacientes renais vão necessitar de restrição hídrica, proteica ou de potássio. Os alimentos a evitar, restringir ou limitar, devem ser planeados entre o nutricionista e o paciente para que este esteja envolvido o mais possível no seu tratamento.

O que é a doença renal crónica?

Os rins são essenciais ao funcionamento do organismo e têm como funções: a eliminação de resíduos, o controlo dos fluidos corporais e da pressão arterial, a regulação do equilíbrio hidro-eletrolítico e de ácido-base, a síntese e a regulação de hormonas, a responsabilidade pelo metabolismo dos nutrientes e equilíbrio nutricional do organismo.

A doença renal crónica é a lesão renal que conduz a uma perda progressiva e irreversível da função renal. Por definição, é considerada quando existem alterações patológicas renais (estruturais ou funcionais) com duração superior a 3 meses e/ou uma diminuição do débito de filtração glomerular para valores inferiores a 60 ml/min/1,73 m2, também por um período de pelo menos 3 meses.

Quais as orientações nutricionais na doença renal crónica?

A terapêutica nutricional é um componente complexo, porém essencial, do sucesso do tratamento da doença renal e deve ser feita por um Nutricionista, com experiência na área. Este irá, em parceria com o paciente, elaborar um plano alimentar ajustado às suas necessidades energéticas, de proteínas e de minerais como o sódio, fósforo e potássio.

  • Recomendações energéticas:

São semelhantes às da população geral: 30 a 35 kcal/kg/dia, dependendo do sexo, idade e atividade física. Na presença de desnutrição ou peso excessivo deverão ser superiores ou inferiores de acordo com as necessidades individuais.

  • Recomendações proteicas:

Entre 0,6 a 0,8 g de proteína/kg peso/dia, o que pode significar alguma restrição proteica comparativamente à população geral.

As proteínas encontram-se em alimentos como:

– carne, peixe, moluscos e ovos

– lacticínios tais como o queijo, o leite e o iogurte

– leguminosas como feijão, grão, ervilhas, favas, lentilhas, soja e seus derivados

– frutos secos e oleaginosos (nozes, amendoim, amêndoas…) bem como as suas manteigas (manteiga de amendoim, …).

  • Recomendações para o consumo de sódio:

Sendo a hipertensão arterial uma das principais causas de doença renal recomenda-se um consumo reduzido de sal na alimentação e a sua substituição por ervas aromáticas, de forma a potenciar o sabor dos alimentos e não diminuir a ingestão alimentar. No caso da existência de edemas, esta restrição deve ser ainda maior.

Alimentos com elevado teor de sódio:

– temperos, incluindo o sal

– molho de soja, molho de peixe, molho teriyaki

– bacalhau seco e salgado

– produtos de charcutaria e salsicharia (fiambre, bacon, salsichas…)

– enlatados e conservas

– aperitivos e snacks salgados (batatas fritas de pacote, amendoins com sal, bolachas de água e sal…)

– Caldos industrializados e sopas em pó

  • Recomendações para o consumo de potássio:

O potássio é um dos eletrólitos que se acumula no sangue quando a doença renal agrava, podendo causar arritmias ou enfarto do miocárdio.

Os alimentos com maior teor em potássio são as frutas, produtos hortícolas, tubérculos, leguminosas e também alguns alimentos de origem animal. Não há necessidade de eliminar totalmente o consumo destes alimentos. Deve-se sim incentivar o paciente renal a aplicar técnicas de espoliação de potássio (redução do teor de potássio dos alimentos). Estas técnicas passam por:

 – descascar e cortar os alimentos em pedaços pequenos e deixá-los imersos em água abundante, à temperatura ambiente ou morna, preferencialmente durante 24 horas. Se possível, trocar a água a cada 4 horas;

– ferver os alimentos em duas águas com a rejeição da primeira água passados cerca de 10 minutos.

  • Recomendações para o consumo de fósforo:

O controlo do fósforo através da dieta é importante em todas as fases da doença renal. Em muitos casos, ao reduzir o consumo proteico, reduzirá, também, o consumo de fósforo dado que este está amplamente presente nos alimentos proteicos como o leite, queijos e iogurtes, carnes e peixes.

  • Recomendações para a ingestão de líquidos:

A quantidade de líquidos que o paciente pode ingerir varia conforme o estádio da doença renal. Algumas pessoas precisam de beber grandes quantidades de líquidos, mas outras poderão ter que limitar o seu consumo. O consumo de líquidos depende da sua diurese (volume total de urina ao longo das 24 horas), da acumulação de líquidos existente no organismo e da tensão arterial.

Não se esqueça de que os alimentos mais líquidos também devem ser contabilizados.

Os líquidos incluem:

– a água e os cubos de gelo

– o chá, o café, os sumos, os refrigerantes, o leite e os lacticínios

– os molhos e as sopas

– o gelado, a gelatina, as sobremesas lácteas e o iogurte

 

Lucília Duarte

Nutricionista especialista em Nutrição Clínica – C.P. 2068N

Referências Bibliográficas:

  • Mira, AR. Garagarza, C. Correia, F. Fonseca, I. Rodrigues, R. Manual de Nutrição e Doença Renal. Associação Portuguesa dos Nutricionistas. Março. 2017
  • https://www.apir.org.pt/nutricao/
  • A Importância da Nutrição na Doença Renal Crónica disponível em: https://www.lusiadas.pt/blog/prevencao-estilo-vida/nutricao-dieta/importancia-nutricao-doenca-renal-cronica